“dá-me 20 minutos.. Uso 15 e guardo 5 para quando os beijos já não o são."
Hoje vi uma cena que me tocou.
Um pai a despedir-se do filho. as mão ferradas nas costas do filho. Eram mãos de lágrimas. Claro que elas lá estavam. O pai era de gente humilde. senti isso. O filho, à procura não sei bem de quê. A vida é fodida. perdoem-me, mas foi isso que pensei. O pai não queria saber de vergonhas. custava-lhe largar o filho, homem feito, nunca refeito dos abraços com sabor a dor. e as mãos do pai, aquelas mãos... Na vida guardamos imagens. Nos meus head-phones ouvia Brandy Carlile – The Story… a música não é de todo banda sonora de filme dramático, mas de serviu ao momento...
O pai lá largou a mão, nos eternos segundos de largada. de partida. Ele partiu, reparei que não olhou mais para trás. o Pai, pelo contrário, não deixou de o olhar, à espera talvez de outra oportunidade para que, olhos nos olhos, ainda que à distância, lhe pudesse dizer amo.te. Comoveu-me.
um pai a chorar é das imagens mais fortes que conheço… Por isso me despertou essa imagem no aeroporto.
estava só. na minha vida… na minha música… a pensar no atraso do vôo....
..que vontade de chegar ao pai dos abraços com sabor a lágrimas e dizer-lhe que tudo passará. as lágrimas que hoje se choram são as certezas de amanhã…
sem lágrimas e com mais certezas sigo em frente..agora com os Radiohead na cabeça.
Chegas. Olhas-me. Sorris…não sinto nada.
…É tão estranho todo o entusiasmo que se cria quando se vai esperar alguém ao aeroporto.. vejo pessoas que correm umas para as outras…lágrimas..abraços fortes e com sabor a saudade…mãos..risos..gargalhadas..palavras de orgulho..de amor..de saudade….
…não. Continuo sem sentir nada.
As vezes penso se será normal não sentir…
nao sentir a tua falta..
não sentir os abraços…que nunca me deste..
não sentir o brilho dos teus olhos..
o coração a bater mais fortes..
o toque da tua mão…
a tua voz…
não sentir saudades tuas..
sinto. Sinto que não te conheço. Sinto que passamos demasiado tempo longe.. sinto que nunca te disse o quanto gosto de ti… sinto que nunca te vou dizer…
sinto que sentes que estou distante…
-estas diferente - dizes.
-cortei o cabelo.
-não, não é isso – olhas-me nos olhos – há outra coisa.
Como Sabes que há outra coisa…não me conheces.. nem te conheço a ti.. foi a primeira vez que senti os teus olhos nos meus… como se também tivesses percebido que não me conheces e estivesses a tentar faze-lo. Sim estou diferente…mudei..pelo menos tentei..estou a tentar..nao sei…mas sinto que mudei. Pra melhor? Não sei. Mas espero que sim.
-como estão as coisas - continuas a conversa e achas que foi mesmo so o cabelo que mudou em mim
-tudo na mesma – desvio o olhar…continuo a pensar naquele pai com lágrimas.
Vamos embora dali. Esta demasiada confusão.
Não falo. Não me apetece. Não quero. Não tenho nada a dizer.
Continuo a sentir..a não sentir.. a tentar sentir-te…
Sei que nunca vou conseguir faze-lo. Não consigo. Não quero. Já não me importa.
Nunca me impportei com o facto de não te conhecer. Dos olhos não brilharem. O coração não bater mais forte. Mas sinto que devia acontecer isso.
As vezes sinto obrigação de te agradecer e sorrir. Mas não sinto. Não sinto que seja verdadeiro. Não sinto o coração a bater mais forte. Não sinto que é isso que quero.
Sinto.
Não sinto.
Quero.
Não quero.
Não sei.
Não quero saber.
Não interessa.
sábado, 21 de junho de 2008
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