Podíamos
ser tão felizes, pá,
o que raios falta no mundo para tanta gente chorar?,
encosto-me ao sol, as pessoas estendidas na relva,
algumas mergulham na
piscina,
não lhes falta nada e no entanto têm tanto para chorar,
a vida tem sempre tanto para chorar, não é?,
a morte de um amigo, ou conhecido,
a dor no pé, na mão, no peito,
um
arranhão que o gato fez,
o miúdo que só faz asneiras, danado,
a promoção
no trabalho que nunca chega,
o desemprego há tanto tempo, o governo que
mente,
e de repente os teus olhos,
a vida tem sempre tanto para querer, não é?,
existe desde logo o sol,
em quantos mundos não bastaria este sol para não haver mais motivos
para chorar, sabes-me dizer?,
o mar pode ser só um monte de água salgada mas faz tanta gente feliz,
já viste?,
provavelmente é só isso que todos precisamos, nada mais,
ver num monte de qualquer coisa algo que nos faça felizes,
um monte de beijos, queres?,
e tu vens e já não me interessa o choro nem sequer o sol,
e estou-me
nas tintas para o monte de coisas que me faltam,
um monte de nós, sim?,
e só quem não sabe onde acaba um abraço pode não gostar de encontrar
uma vida assim,
coitados."
Pedro Chagas Freitas
sábado, 7 de junho de 2014
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