Não tenho muito. Não
tenho quase nada na verdade. Para viajar basta-me uma mala e sei que não vou
precisar de mais nada.
O que deixo para
trás e é meu também não passa de uma cama grande e uma mota.
A minha cama é
minha. E eu gosto muito dela. E tive de juntar dinheiro durante algum tempo
para a comprar. Porque queria uma cama mesmo grande e boa.
A minha cama ficou
no quarto que ainda é meu numa casa que já não é minha há algum tempo.
O sítio onde guardo
as minhas coisas gosto de o pensar intocável. Não gosto que mexam nas minhas
coisas.
Não gosto que me
digam que a minha cama é mesmo grande sem que la esteja a dar permissao para
que se deitem nela. Não gosto que me digam que o meu quarto está diferente sem
que la esteja a dizer onde quero as coisas.
Hoje custou-me
quando me disseram que o meu quarto está diferente. Custou-me pensar que o
único sitio que ainda dava como intocavelmente (acho que isto não existe mas
não interessa) meu afinal não é só meu.
Custa-me não saber
para onde voltar.
Porque ir também é
voltar.
Preciso de um
património maior e em que só eu guardo a chave. É isso.
o meu sitio. que sei que terá de ser em Lisboa.
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