o
que fazer quando tudo corre mal. e a solução é afundar ainda mais a
péssima condição de não fazer nada durante algumas horas seguidas.
des
cul
pa
me
culpa-me.
mandar
tudo à merda. ir para uma ilha e deixar que a vida passe por mim. hoje
aqui ao longe vejo o fim do filme. com as cenas, os bloopers, as cenas
repetidas, os momentos de humor e os de choro. drama
drama
drama queen.
que
se foda o drama e o teatro e as merdas de amigos que tens e as merdas
de textos e as merdas adolescentes. manda tudo à merda.
dizer asneiras é uma forma tão poética de ser violentamente cruel. culpa.me.
te dejo.
des
culpa-me
saí do quarto. esperei pela minha vez. corre meia hora. corre meia hora e faz alguma coisa por ti.
há
uns anos atrás, no inicio do filme, momentos antes de começar a
verdadeira história começava o romance... fui correr 10 km com a
motivação e a falta de sono de uma noite tão bem passada. as imagens, o cheiro que ainda tinha no meu corpo motivavam-me a
não parar. a chegar ao fim, quanto mais não fosse para no final
dizer-te que consegui chegar ao fim. e deixar que o suor saísse pelos
meus poros alimentados pelo teu cheiro que felizmente ainda estava em mim.
corri e nas alturas que não aguentava mais, lembrava-me do vestido e do sorriso. e do lábio
molhado pelo calor de nós os dois. eu e tu juntos não eramos dois.
eramos todos aqueles que nunca tinhamos tinho. eu e tu não eramos um e o
outro. era o mundo inteiro a rir.
cheguei
ao fim . porque me motivavas. porque me lembrava o teu cheiro. o
vestido. a flor. . . . e o sorriso e os olhos de bondade e confiança. os
olhos. onde andarão....
saí do quarto. esperei pela minha vez. corre meia hora e tudo esquecerás.
hoje
decidi alimentar-me de novo. a raiva de não consegir fazer nada.
a raiva de chegar ao fim do filme sem ter conseguido perceber ao certo
porque terminou.
faz alguma coisa. faz.
desiste
de tudo menos de ti. quanto mais não seja pela felicidade de te
deixares alimentar pela raiva que sentes, das horas sem dormir, da
ansiedade que faz bater o coração mais forte do que qualquer droga.
viciado em dormir pouco.
culpa-me.
culpo.te
des
cul
po
te
começo
a gritar e a passadeira que nao pára e o espelho que vejo com um corpo
vivo. a unica coisa que tenho viva em mim é o meu corpo. sua, sem cheiro
vindo de ti. sem imagem dos lábios molhados. grito mais... cada grito que dou
garante-me pelo menos um ou dois km a mais. chegarei aos 10. para que
este dia não seja dos piores da tua vida. para que te sintas vivo, um
pouco mais vivo que o teu corpo.
culpo-te, por isso, corro mais.
run run run away.
tenho raiva logo corro mais.
don´t go away. don´t go away.
chego ao fim
corri 10km porque tenho raiva de não poder resolver.
10km e a raiva de nao conseguir saber onde está o sorriso, onde anda o labio mordido. o sorriso mais bonito.
10km e a raiva de não conseguir sair do fim do filme.
10km e as lágrimas que me caem pela cara quando oiço o final do homem elefante
10km e as lágrimas. e o lost.
somos mais do que imaginamos ser.
desculpa-me - não te culpo
desculpo-te - não me culpes
quinta-feira, 9 de maio de 2013
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