segunda-feira, 25 de abril de 2022

montanha

 estranha forma de ser feliz, aquela que nunca sou. aquela que sempre busco.

 acordo cedo. tento fazer as coisas. na verdade de quando em vez há devaneios. noites que se dorme pouco. tenta-se viver mais rápido. falar com os outros, por cima dos outros, pela noite sempre se ouve melhor e se explica mais alto. são só impressões. mas depois as pontas dos dedos não sentem os lençóis da mesma forma. o suave da colcha por cima da cama não te aquece como devia 

ansiosa. não tens resposta para nada. as palavras que não fazem desenrolar a língua. os dedos presos ao impasse na incerteza. do alto da montanha vemos o mundo inteiro,  do alto da montanha cabe tudo numa mão. não há ouvido que ouça pior, não há falta de vista. vejo todos lá em baixo, em cima o céu. aberto como as feridas do dia depois. do alto da montanha vejo os rios.

 a vida é decidir, bem ou mal. 

estranha forma de ser feliz. aquela que nunca fui capaz de escolher. 

Sem comentários: