segunda-feira, 25 de abril de 2022

 dizem algures que a primavera começou. tudo deixa de fazer sentido. o inverno deixa de existir. 


as estaçoes nao se vivem, aparecem-nos pela frente. isto nao se pára.


 num hotel escrevo estas palavras. foi bom estar longe. mas é melhor voltar. 


montanha

 estranha forma de ser feliz, aquela que nunca sou. aquela que sempre busco.

 acordo cedo. tento fazer as coisas. na verdade de quando em vez há devaneios. noites que se dorme pouco. tenta-se viver mais rápido. falar com os outros, por cima dos outros, pela noite sempre se ouve melhor e se explica mais alto. são só impressões. mas depois as pontas dos dedos não sentem os lençóis da mesma forma. o suave da colcha por cima da cama não te aquece como devia 

ansiosa. não tens resposta para nada. as palavras que não fazem desenrolar a língua. os dedos presos ao impasse na incerteza. do alto da montanha vemos o mundo inteiro,  do alto da montanha cabe tudo numa mão. não há ouvido que ouça pior, não há falta de vista. vejo todos lá em baixo, em cima o céu. aberto como as feridas do dia depois. do alto da montanha vejo os rios.

 a vida é decidir, bem ou mal. 

estranha forma de ser feliz. aquela que nunca fui capaz de escolher. 

sincronismo

 o sincronismo é uma das formas mais intensas de amor que existe. 

somos feitos das escolhas que fazemos. umas mais fáceis, outras mais difíceis. ser feliz é estar ligado, sem cabos pelo meio. 


chuva

 a chuva intensa faz-me querer ficar em casa, o peso da ausência de forças para contrariar a preguiça é atroz. castradora. pesa-me na alma. o tempo a passar. o tempo a chover e aqui dentro a calma aproveitamos o tempo para olhar o infinito. a vontade de fazer tudo aquilo que não tenho. haja a chuva para encher os rios e as barragens. 



segunda

Uma semana passa-se devagar. ontem era terça, hoje já é quinta. logo será domingo que desta vez é segunda. 

o tempo que se passa entre os dedos que deslizam sempre para o que devia ter sido feito. vivemos um dia de cada vez para não se pensar muito naquilo que devíamos fazer 

digam amo-te o maior numero de vezes possível, descansem nos braços um do outro. não deixem o frio entrar. pensem sempre, contrapor é um prazer único. 


Todos podemos um dia ser aquilo que sonhamos ser. com luta, sacrifício e amor. todos nós partimos e fugimos do passado. todos nós amámos amores que não são correspondidos, e inspiram-nos mais do que tudo, dizem por ai. todos nos lutámos na profissão para que essa meta atingida ultrapasse a dor de não termos aquilo que na verdade nos faltou. 

Todos nos amamos, crescemos e morremos. 

Todos nos sonhamos quando somos pequenos, e morremos quando não temos nada para sonhar.