quinta-feira, 9 de maio de 2013

o que fazer quando tudo corre mal.  e a solução é afundar ainda mais a péssima condição de não fazer nada durante algumas horas seguidas. 

des

cul
pa
me

culpa-me.

mandar tudo à merda. ir para uma ilha e deixar que a vida passe por mim. hoje aqui ao longe vejo o fim do filme. com as cenas, os bloopers, as cenas repetidas, os momentos de humor e os de choro. drama
drama
drama queen.
que se foda o drama e o teatro e as merdas de amigos que tens e as merdas de textos e as merdas adolescentes. manda tudo à merda. 
dizer asneiras é uma forma tão poética de ser violentamente cruel.  culpa.me.
te dejo.
des
culpa-me

saí do quarto. esperei pela minha vez. corre meia hora. corre meia hora e faz alguma coisa por ti. 
há uns anos atrás, no inicio do filme, momentos antes de começar a verdadeira história começava o romance... fui correr 10 km com a motivação e a falta de sono de uma noite tão bem passada. as imagens, o cheiro que ainda tinha no meu corpo motivavam-me a não parar. a chegar ao fim, quanto mais não fosse para no final dizer-te que consegui chegar ao fim. e deixar que o suor saísse pelos meus poros alimentados pelo teu cheiro que felizmente ainda estava em mim. 
corri e nas alturas que não aguentava mais, lembrava-me do vestido e do sorriso. e do lábio molhado pelo calor de nós os dois. eu e tu juntos não eramos dois. eramos todos aqueles que nunca tinhamos tinho. eu e tu não eramos um e o outro. era o mundo inteiro a rir. 
cheguei ao fim . porque me motivavas. porque me lembrava o teu cheiro. o vestido. a flor. . . . e o sorriso e os olhos de bondade e confiança. os olhos. onde andarão....

saí do quarto. esperei pela minha vez. corre meia hora e tudo esquecerás. 
hoje decidi alimentar-me de novo. a raiva de não consegir fazer nada. a raiva de chegar ao fim do filme sem ter conseguido perceber ao certo porque terminou. 
faz alguma coisa. faz.
desiste de tudo menos de ti. quanto mais não seja pela felicidade de te deixares alimentar pela raiva que sentes, das horas sem dormir, da ansiedade que faz bater o coração mais forte do que qualquer droga. 
viciado em dormir pouco. 

culpa-me.
culpo.te
des
cul
po
te
começo a gritar e a passadeira que nao pára e o espelho que vejo com um corpo vivo. a unica coisa que tenho viva em mim é o meu corpo. sua, sem cheiro vindo de ti. sem imagem dos lábios molhados. grito mais... cada grito que dou garante-me pelo menos um ou dois km a mais. chegarei aos 10. para que este dia não seja dos piores da tua vida. para que te sintas vivo, um pouco mais vivo que o teu corpo. 
culpo-te, por isso, corro mais. 
run run run away.
tenho raiva logo corro mais. 

don´t go away. don´t go away.

chego ao fim 
corri 10km porque tenho raiva de não poder resolver.
10km e a raiva de nao conseguir saber onde está o sorriso, onde anda o labio mordido. o sorriso mais bonito.
10km e a raiva de não conseguir sair do fim do filme. 
10km e as lágrimas que me caem pela cara quando oiço o final do homem elefante
10km e as lágrimas. e o lost.
somos mais do que imaginamos ser.
desculpa-me - não te culpo
desculpo-te - não me culpes

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