sexta-feira, 16 de setembro de 2011

scars and bruises all over my body and soul.

"No meu coração de menina guardo muitos desejos. O primeiro é que os homens sejam cada vez melhores. O segundo é que as pessoas vivam sempre alegres e todos fiquem contentes com o pão de cada dia. Peço-vos pelo meu papá e mamã. E pelos papás e mamãs dos outros meninos, para que nunca andem zangados e vivam sempre unidos. Fazei que não hajam guerras, nem sequer nos livros. E que no mundo onde estamos nunca mais se oiça chorar uma criança."



Esta era a oração de menina que eu tantas vezes rezava em pequenina. Tem graça como é tão simples tudo assim. Hoje, mais velha e provavelmente mais densa e complicada, sei que é nesta simplicidade que reside a importancia real da vida.
Hoje, contudo, pediria mais. Pediria também um mundo onde aqueles que passam pela nossa vida assumissem um papel, proporcional ao tempo que lhes dedicámos ou aos sentimentos que com eles passámos. Ou á importancia que tiveram, em tempos. Gostava de ter um património mais rico daqueles que já foram intimos. Pediria apenas um lugar, a meio caminho da intimidade e da amizade, uma medalha de nivel do profundo interior que tocaram em nós. Um lugar sem lugar para ressentimentos, sem ciumes dos namorados, um lugar um pouco mais digno que a cicatriz que nos deixaram para sempre, no coração. Uma amizade que compensasse a entrega de outrora. Que fizesse jus aos momentos. Ás cumplicidades. Que permitisse ligar sem ser nos anos e no Natal, sem risco de interpretações dúbias das nossas intenções.
Preocupo-me assim com várias pessoas que por mim passaram. Independentemente do rumo que a historia seguiu, tenho o privilégio de ser uma mulher bem resolvida e de encontrar sempre uma flor, mesmo no mais árido deserto. E porque a vida deveria ser esse pot-pourri multifloral,de flores que colhemos, de perfumes que gostámos mas já não usamos, tenho pena, muita pena, que no desfecho de uma história se perca sempre quase tudo. E que do bom que conhecemos e conquistámos, quase tudo, nos sirva de nada. Uma mão cheia de nada que não apenas o nosso conhecimento interior ou o nosso crescimento. Parece-me pouco, ainda assim.
Tenho saudades de várias pessoas. Se me passou o amor ou outro tipo de encanto que tinha por elas, não passou porém, os gostos , graças e particularidades que me aproximaram delas e que continuamos a partilhar, ainda hoje. No entanto tratamos a maioria da mesma forma. Como a cicatriz do coração que não dói, mas que não se deve mexer, a menos que com muito cuidado e delicadeza.
Sou humana. Se isto é defeito..."mea culpa". Mas tenho pensado em ti. Pensado no que andarás a fazer, como está o trabalho, a familia ou a saúde. Ou como estará a tua irmã, ou a tua vida, estarás bem? feliz? Que mal há nisto? No entanto a vida e o mundo obrigam-me a ficar calada alertando-me "que é o melhor a fazer". Eu não sou assim nem nunca serei. Nunca me amedrontei com as relações humanas e sempre acreditei que apenas nos levam numa direcção se quisermos ir. Talvez por isso não entenda este medo dos outros. Não consigo reduzir alguém a uma cicatriz apenas.
Por isso rezo. Sob pena de não magoar ninguém, ou talvez para não correr o risco de o fazer. De forma que, se em algum momento te lembrares de mim, saibas que também penso em ti e me preocupo que também estejas feliz. Sim, eu não sou um montro insensivel que todos parecemos ser, que de um dia para o outro gela e descarta tudo o que de bom conheceu. No fundo, espero que estejas tão feliz como eu. Só lamento não poder partilhar contigo, de forma diferente, os gostos que nos uniram.
"Que num mundo proximo sejamos todos amigos..."


hoje era mesmo isto que te queria dizer e nao sabia como...
[retirado do melhor blog do mundo: http://ninfadepapel.blogspot.com/]

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